Comprar compulsivamente é um distúrbio psicológico que deve ser tratado adequadamente. O problema apresenta-se de diferentes formas nos portadores de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e de Transtorno Bipolar.
Segundo pesquisa realizada na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), devido aos sintomas distintos apontados pelos compradores compulsivos, é necessário o desenvolvimento de novos tratamentos, voltados especificamente para os portadores desse distúrbio. Atualmente, os compradores compulsivos são tratados com os mesmos métodos utilizados no tratamento do TOC e do transtorno bipolar.
A psicóloga Tatiana Zambrano Filomensky aplicou questionários a 85 pacientes e verificou que a principal característica do comprador compulsivo é uma falha em resistir ao impulso de comprar, o que pode levar a prejuízos para própria pessoa e para familiares e amigos. “O paciente apresenta uma deficiência no planejamento de suas ações e impulso de aquisição excessiva”, explica Tatiana. “Desta forma, o comprador compulsivo não pensa nas consequências dos seus atos a longo prazo, levando em conta apenas a satisfação do momento de comprar”.
De acordo com Tatiana, a instabilidade afetiva que pacientes com transtorno bipolar pode fazer com que comprem compulsivamente em uma determinada fase da doença. Contudo, isso não faz deles compradores compulsivos, pois nesses últimos a compra não é motivada por variações no humor.
“A única aproximação verificada entre portadores de TOC e compradores compulsivos é a aquisição compulsiva, sintoma que está relacionado com o transtorno de armazenamento compulsivo ou hoarding”, diz a psicóloga, que explica que apesar dessa interface em comum, as características mais comuns apontadas nos dois transtornos são muito diferentes.
Segundo Tatiana, as principais características dos compradores compulsivos são a falta de planejamento e o impulso de aquisição excessiva, sintomas próprios do distúrbio, independente dos verificados em outros transtornos. “Isso deve ser considerado pela Medicina para desenvolver tratamentos específicos para a compra compulsiva e não aplicar os métodos já utilizados nos pacientes de TOC e Transtorno Bipolar”, finaliza.
Fonte: Agência USP, 23 de fevereiro de 2012
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