A primeira pesquisa foi realizada na Suíça com 50 mil jovens. A conclusão é a de que depois de 15 anos de estudo, o uso de maconha durante a adolescência pode ser associado a um aumento do risco de esquizofrenia. Foi verificado, também, a possibilidade de que os pacientes esquizofrênicos faziam uso de maconha para se automedicar.
As duas outras pesquisas, realizadas com 4.045 adolescentes na Holanda e na Nova Zelândia, demonstraram um aumento de quase três vezes no risco de sintomas psicóticos entre os jovens que relataram uso frequente de maconha. Além disso, os que fazem uso da substância apresentaram uma chance quatro vezes maior de serem diagnosticados como portadores de transtorno esquizofreniforme aos 26 anos de idade.
A psiquiatra do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS) do Grupo Hospitalar Conceição, ligado ao Ministério da Saúde, Maria Gabriela Godoy afirma que é importante perceber a vulnerabilidade de cada pessoa. “As pessoas vulneráveis são as com histórico familiar de problemas psicóticos. Existe aí uma questão genética. Saber se um jovem que fuma maconha é vulnerável ou não a ter esquizofrenia é difícil, mas o fato de ele se expor pode aumentar o risco. A recomendação é que na infância e adolescência, quando existe toda uma reconfiguração do cérebro, os jovens não fiquem expostos a substâncias psicoativas, porque isso pode ocasionar determinados efeitos de curto ou longo prazo”.
O psiquiatra da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) Jorge Jaber detalha as conseqüências do uso contínuo de substâncias químicas: “Essas substâncias são capazes de destruir ou alterar o metabolismo normal do ser humano. Com o passar do tempo, a repetição do uso leva alguns jovens a manifestarem uma doença psiquiátrica mais grave, como esquizofrenia, depressão e aumento da ansiedade. Há, também, as questões básicas ligadas à falta de atenção e motivação. Então, como afirma a pesquisa, a maconha pode atingir gravemente os jovens, mesmo sendo uma substância considerada com menor potencial lesivo”.
Jaber explica como perceber o uso de substância química por alguma pessoa próxima. “A família pode reconhecer os sintomas quando o jovem tem alterações no comportamento, como descuido com a higiene, distúrbios de alimentação e sono; abandono de atividades obrigatórias; e demonstração de falta de interesse por atividades de lazer que não envolvam a droga. Tenho uma dica básica: é preciso ficar atento para a quebra de comunicação na família. Quando a comunicação está difícil, fica mais complicado dialogar sobre os riscos. E sem a troca de informações, você dificulta a escolha do jovem”.
O estudo foi realizado em 2003 e é uma pesquisa ainda atual, com divulgação mundial e aceitação acadêmica.
Mônica Plaza / Blog da Saúde
0 comentários:
Postar um comentário